.comment-link {margin-left:.6em;}
voltei.
inspirado em "fever" de Ted Hughes:
O fogo volta a brilhar e o fogo volta e a febre volta e mais uma vez brilha mas não é como a primeira descoberta do fogo nem como a primeira queimadura que levou cuidados e levou à escuridão e à imensa cova mas não como a primeira chama deslocada do centro nem como a primeira noite ao relento. O fogo volta a brilhar no escuro e o fogo voltou danado e mudo debaixo da terra onde o corpo dorme mas não nada como a primeira insónia, nada como a primeira sombra onde ainda nada era possível ou impossível quando não existia a palavra fogo mas apenas a palavra incêndio a palavra arde e foge, volta e fica dentro de um bolso para acender o cigarro ou encontrar as chaves, dentro da mão para estar à mão, para aquecer o lado da imensa cova e os limites do pequeno centro do pequeno cerco em torno da insónia, não mais a primeira mas a mesma outra. A febre volta a brilhar perto de um copo de água ou de um prato de canja ao lado da terra onde o corpo não dorme.