.comment-link {margin-left:.6em;}
sigNature
quarta-feira, setembro 17, 2008
  sagesse
Largou tudo para andar em torno da rotunda. às vezes apagava-se e questionava o círculo e a espiral. ponderava o fim do mundo que ali começaria, no centro geométrico daquela figura bidimensional. às vezes esmagava-se e andava mais rápido, tentando acelerar a rotunda. contudo, o passado era o mesmo, sempre que por ele passava. à tontura opunha a ousadia. à náusea, a dor. conversando e inventando umas palmas para acompanhar a música, notava as paletas ligeiramente incoerentes do crepúsculo e da aurora. estancava num ponto apenas para assistir a um acidente molecular. pelo caminho espalhava umas migalhas para poder apanhar os pássaros, ou para ter que jantar. levantava-as às vezes, de costas, quando lhe parecia apetecer um pão. nunca se sentou. supunha com medo que, se o fizesse, o tempo pararia para sempre, e que quem por ali passasse, rodeando a rotunda, pudesse achar que aquela que ali estava sentada nunca se tinha atrevido a andar.
 
sexta-feira, setembro 05, 2008
  sweet and sour nothing
nesta falésia
deixo tudo que nada me serve. porque tenho que saber e tenho que sentir quando não sinto nada e nada sei. deixem-me em paz, vocês que tudo sabem e fazem e tudo sentem. tudo encontram e tudo escolhem. e tudo podem destruir e eu não que nada construí. vós que tendes o mundo certo e a melhor maneira de eu o viver. que já viram a luz onde eu ando à procura da fogueira. deixem-me em paz na deriva ou no abismo para onde nunca vou saltar. deixo-vos tudo e não quero saber. do ovo e da molécula. fiquem com tudo o que sabem de mim. já não consigo aprender. já não quero mais nada. um principio e um fim que não desvendo. nesta falésia,
em todos os minutos
de todas as horas
de todos os dias
vocês não estão.
 
segunda-feira, setembro 01, 2008
  another night in
as paredes não dilatam no som da noite. abandono o quarto e alinho os incensos.

entre a morte e a vida, as pragas e o parto natural, a fome e a gula, a solidão e a incansável invasão quadrada. não me atrevo a ligar mais fichas, a puxar mais fios. há sempre o caixote do lixo a dizer-me o que não devo reciclar. movo-me demasiado à vontade mas os anos andam por aqui, roçando-me nas pernas e pedindo-me que os faça belos.

encosto-me a um canto da sala e anseio por uma cerveja. regulo a temperatura das horas e fixo por detrás da porta a cama vazia. deixa-te estar. foge para o outro lado e espera que não te vejam. queria menos, menos.

espaço, espaço. queria uma arrecadação escura a servir de sarcófago para dias sem serventia. mãos que só servem para queimar as teclas com destreza. já não danço e o chão está limpo. posso começar de novo? nestes diários sem causa já só poisa o pó da inutilidade. estou como esta casa, cansada, esquecida e cheia de truques e manhas, onde o passado já não interessa nada. alegro-me pelas alegrias e bebo água, salpicando a cara e simulando lágrimas frescas e doces.

queria menos, menos, ainda menos.
isto pesa, e ainda é cedo.
 

ARCHIVES
dezembro 2003 / janeiro 2004 / fevereiro 2004 / março 2004 / abril 2004 / maio 2004 / junho 2004 / julho 2004 / agosto 2004 / setembro 2004 / outubro 2004 / novembro 2004 / dezembro 2004 / janeiro 2005 / fevereiro 2005 / março 2005 / abril 2005 / maio 2005 / junho 2005 / julho 2005 / agosto 2005 / setembro 2005 / outubro 2005 / novembro 2005 / dezembro 2005 / janeiro 2006 / fevereiro 2006 / março 2006 / abril 2006 / maio 2006 / junho 2006 / julho 2006 / agosto 2006 / setembro 2006 / outubro 2006 / novembro 2006 / dezembro 2006 / janeiro 2007 / fevereiro 2007 / março 2007 / abril 2007 / maio 2007 / junho 2007 / agosto 2007 / setembro 2007 / outubro 2007 / novembro 2007 / dezembro 2007 / janeiro 2008 / março 2008 / maio 2008 / junho 2008 / julho 2008 / agosto 2008 / setembro 2008 / novembro 2008 / fevereiro 2009 / março 2009 / abril 2009 / maio 2009 / junho 2009 / agosto 2009 / janeiro 2010 /



NATURAS

Bewitched
Sangue na Navalha
Os Tempos que Correm
A Voz da Serpente
TropicalSocial
Erasing
Metrografismos
Matarbustos
Nihil's Shore
Isso é Muito Pouco...
93
Montanhas da Loucura
As Ruas da minha Casa
All about Drama
Contradições
UzineFanzine
Sade na Marquise
Loff

Powered by Blogger

[EFC Blue Ribbon - Free Speech Online]
Site 
Meter