another night in
as paredes não dilatam no som da noite. abandono o quarto e alinho os incensos.
entre a morte e a vida, as pragas e o parto natural, a fome e a gula, a solidão e a incansável invasão quadrada. não me atrevo a ligar mais fichas, a puxar mais fios. há sempre o caixote do lixo a dizer-me o que não devo reciclar. movo-me demasiado à vontade mas os anos andam por aqui, roçando-me nas pernas e pedindo-me que os faça belos.
encosto-me a um canto da sala e anseio por uma cerveja. regulo a temperatura das horas e fixo por detrás da porta a cama vazia. deixa-te estar. foge para o outro lado e espera que não te vejam. queria menos, menos.
espaço, espaço. queria uma arrecadação escura a servir de sarcófago para dias sem serventia. mãos que só servem para queimar as teclas com destreza. já não danço e o chão está limpo. posso começar de novo? nestes diários sem causa já só poisa o pó da inutilidade. estou como esta casa, cansada, esquecida e cheia de truques e manhas, onde o passado já não interessa nada. alegro-me pelas alegrias e bebo água, salpicando a cara e simulando lágrimas frescas e doces.
queria menos, menos, ainda menos.
isto pesa, e ainda é cedo.