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Não sei como sei:
Que alguns despejam os egos maltratados em instrumentos topo de gama, que respeitam demasiado o seu corpo em horas indesejadas e desprezam os dos outros nas horas do desejo, que alguns de nós passam pelo frio para se satisfazer com o atavismo de um corpo que fumega, que outros repetem numa sala de espelhos a sua própria maldição, que o passado afinal nunca passa, que o futuro afinal nunca deixou de o ser. Que outros já não sentem grande coisa até a faca acender o sangue, que os excessos já não magoam ninguém, que os dias ficam mais pequenos de vez em quando e maiores também de vez em quando, que aprendemos coisas que não sabemos ensinar. Se não vasculharmos na lama não encontramos pérolas, se partilharmos o silêncio partilhamos mistérios e segredos, se partilharmos as palavras partilhamos mistérios e segredos e silêncios maiores, que há sempre uma nuvem que nos acolhe e outra que nos encolhe, que de tudo podemos fazer uma teoria ou uma bela história sem verdade, que temos o direito à incoerência honesta entre a humildade e a arrogância. Que há coisas que nos sufocam e precisamos gritar, que chorar (uma vez por semana, ou uma vez por mês) faz bem e consola. Sei porque sei algumas coisas, e sei outras que esqueci, que a seu tempo se revelarão e sei que vou aprender outras coisas com outras pessoas e elas comigo, sem saber e sem querer, em vezes que não domino a voz e não domino os passos.
Não posso saber tudo, não é? Então pronto.