Esta cidade não acredita em coincidências. Há poucas coisas em que esta cidade acredita, na sua forma circular, na sua brilhante esfera. o espaço privado torna-se público e o espaço público entra-nos pela janela adentro de qualquer maneira. uma conversa cruzada. tudo o que se faz e o que se contém fazer em breves jornadas clandestinas. quais os espaços ocos? recolho-me a estas ruas e alamedas, trago-as inteiras de olhos fechados e penso em como tudo era dantes, em como eram as mais curtas, em como reconhecia as esquinas iluminadas. recolho-me a estas quatro paredes simetricamente aparentes. recolho-me a esta caixa craniana que não me recolhe do mundo. um quadro flamenco. um quarto flamenco de alegorias de janelas e quadros e janelas dentro de quadros dentro de quartos de janelas.
penso em como tudo era dantes e não era mais simples. em como acordava e os via dormir ao meu lado e ao toque da mão. em como não acordavam ao toque da mão. em como as escadas nos levavam a qualquer lado de cima ou debaixo.em como esperava porque sabia das previsibilidades relativas. em como, ao contrário de agora, nada era combinado e mais lento. havia beijos nesta cidade. a inconsequencia do ser e do sermos inconsequentes. havia sonhos nesta cidade que nos tiravam o apetite e nos transtornavam o dia. havia um grande esquecimento nesta cidade. e eu dormia a ve-los, acordados, a esquecer.