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sigNature
terça-feira, fevereiro 10, 2004
 
Este poema é para um amigo recente. (
Queria te-lo mandado no email, mas depois esqueci-me; faço-o público mas é para ti, que já sabes demais).


Não há desculpa para esta pura discórdia sobre a inércia
Sempre numa mão dobrada, a dependência, sempre
Um estalar de dedos e mais um dia.

O pregão que se tem pregado ao texto, à textualidade de uma mesa
À módica posição do abraço.
Quero não mais do que me voltar ao texto para me voltar. quero mais do que a meia volta atrás do novelo. O branco que me fica na pureza do domingo, que me fica na cura. Processo esta concentração para me dar sem meias palavras daquilo que já foi dito. Quero que o som seja claro, que a luz incida de cima. clara como luz.
Quero que esta voz sempre me lembre de um segredo em viagem. Que ninguém saberá mais do que isto. Que sempre não mais do que aquilo que é feito nalgum tipo de solidão. Seja só.

Não há lugar para a distracção e a perda do mesmo tempo de sempre. Vivo-me à hora que é sempre cedo. Espera. E mais deixado no tecido. E mais deixado em algum sítio que é sempre o tecido na volta. Que ninguém saberá mais do que o gosto disto que é azul como o ar. Que o frio se reproduz nas bermas, que o corpo pede o engasgo. Que o corpo pede a barragem.

Não há lugar para a mestria do consumo. Não me deixes volver à estrada. Não me deixes beber o alcatrão de sempre. Não deixes de beber o alcatrão da outra estrada. E não voltes nunca. Não olhes para trás. E mais terás deixado.

O pregão que se tem colado à cobardia. Não haverá mais as mesmas paredes se puder fazer uma noite de insónia para descansar. A rendição.

Deixa. Devolvo.
 
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