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sigNature
sexta-feira, fevereiro 06, 2004
 
(Isto não é normal, os galos cantarem a estas horas. Que é feito das coisas naturais, como chover em fevereiro? E ele, onde anda, quando ja devia estar em casa? E eu porque é que estou em casa se me apetecia ir para a rua? E porque é que o telefone não toca? e amanhã tenho aulas? mãe, porquê?)

...na saude e na doença, até que a morte nos separe...
Ele olhará para mim por cima da secretária cheia de propaganda médica e sorrirá levemente. E eu para ele. apaixonamo-nos e marcaremos encontro para breve. Ele saberá tudo de mim, sonhos e medos. Ele saberá a que horas acordo e me deito. Ele dir-me-á para deixar de beber e fumar. Ele dir-me-á para ir viver para o mundo dele e deixar tudo de meu, o pouco que tenho.Tudo porque me ama e me quer ver bem. terei o seu número no telemovel para ligar a qualquer hora do dia e da noite. Deixará a mulher na cama para me vir salvar. Ele é mais velho e vai tomar conta de mim. Estudou muito e trabalha muito mais para tomar conta de mim.
Construirá uma sala almofadada só para eu não me magoar, para que nada de mal me aconteça. Oferecer-me-á uma camisola nova quatro números acima. Dar-me-á um abraço quente por detrás enquanto me beija o pescoço e diz que me ama. depois faz gentilmente um laço apertado no que sobra das mangas, junto à cintura, como simbolo de tudo o que me prometeu: segurança, protecção, calor. Arranjar-me-á uma casa com muitos empregados que me fazem tudo e vai-me ver regularmente. sempre com aquela voz doce e o mesmo sorriso manso. Dá ordens aos empregados, assina muitos papeis, e promete voltar. Quer ver-me bem e afaga-me o cabelo.
Da janela vejo-o entrar no carro e partir. Inclino-me para lhe dar um beijo ao longe. Caio.
 
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