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sigNature
quinta-feira, fevereiro 19, 2004
 
Para a posteridade: ja estou melhorzinha (thanks for asking); xarope, pastilhas, brandymel, comida chinesa, mimos dos amigos e tal, a coisa compoe-se; se não fumasse tanto compunha-se mais depressa, mas aí...

Falhas de/na comunicação
Queria escrever alguma coisa sobre a mestria do falhanço, mas não sei por onde começar. Se faço merda e não me apercebo, digam-me, se fazem merda e se apercebem, assumam. É por aqui...às vezes faltam-me códigos para comunicar. Odeio pessoas que tambem pedem desculpas por tudo e por nada, como se existirem fosse uma maçada muito grande para toda a gente. Só soube o que era isso aos 14 anos. It came as a shock. Nunca se usou essa palavra "desculpa" lá em casa, ao contrário de alguns palavrões. Não a consigo colocar na boca dos meus pais nem nunca a ouvi do meu irmão. Daquelas coisas que, tal como a educação sexual, se vai buscar à escola, entre os amigas, e os amigos (que foi um ainda hoje amigo meu que me explicou tudo acerca do benfica jogar em casa todos os meses, numa aula de ciencias no quinto ano--ele era aquilo que hoje é um geek, delegado de turma e tudo, que depois veio a tornar-se um belo e educado freak, guitarrista numa banda grunge, e hoje psicólogo, trabalhando com crianças em risco). Talvez lá em casa se cultive até hoje o orgulho. Já lá não vivo há 10 anos. Mas aprendi no nono ano e uso-a com juizo. Há coisas indesculpáveis. Uma desculpa não apaga os acontecimentos. Não se pede, evita-se. blablabla. Merda para isso: sou humana. Há de facto coisas indesculpaveis, e nem sempre são dos outros; uma desculpa é apenas o julgamento, uma reflexão posterior dos acontecimentos e revela alguma auto-critica; muitas vezes sem querer, pimba! já se fez/disse uma coisa qualquer que magoou/prejudicou alguem. Demonstra arrependimento. Consciência de falibilidade. Podemos avançar para o próximo nível. É mais ou menos isto que queria dizer. Os gigantes muitas vezes não passam de moinhos. Há coisas que gostava de dizer a algumas pessoas e não tenho palavras justas ou injustas. Sou uma poeta da treta no mundo real. Tento faze-lo pelos gestos atrapalhados, pelas portas travessas, pelo bater impaciente do pé, pelas horas esperadas, pela retirada estratégica, pela exigência nula (se calhar foi assim que sempre se fez lá em casa), pelos desafios que lanço e não recuso, por aqui, por ali, por aí...
 
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