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sigNature
quarta-feira, fevereiro 11, 2004
 
Preciso de ajuda! Comecei a escrever um conto e encalhei. Não sei para onde ir a partir daqui. Gosto do título e comecei só com isso, sem ter "história"; Não tem nada a ver com drogas nem com vampiros, tem que ter um reves qualquer que não estou a conseguir; estou a tentar fazer isto gender free/neutre...sem dar a entender ser homem ou mulher; Puxem pela vossa imaginação!
Enviem-me sugestões ou mesmo continuações (podemos fazer disto escrita colaborativa) para info_traffic@yahoo.com :

Celeste

O quarto está húmido, as paredes transpiram como se vivas e a sofrer. A meia luz, com as portadas fechadas, nada parece o que é. Aquela febre de novo. È melhor ir buscar gelo. Uma panela, uma vasilha qualquer. Gelo e mais gelo. Já nada mais há no congelador a não ser couvettes e plásticos. Cubos e outras formas de ex-água, pré-agua. Meto lá primeiro as mãos, depois os pulsos. A cara. Abro os olhos: o titanic lá em baixo, mudo. Peixes de luz, medonhos. Apenas o fundo da vasilha, verde ou azul, tanto faz. Visto a t-shirt só depois de a molhar neste ártico.
Procuro à volta os objectos que me salvam do delírio. O telefone. A agenda fechada. A garrafa de água. O relógio. São exactamente duas horas e dez. A televisão não, as fotos não, o espelho não. Evito as molduras com caras. As caras com molduras, o mundo com molduras, as molduras com o mundo. A rotina do não-delírio. Nunca fiz nada com tanta força. Nem abro a cama para não lhe sentir o corpo debaixo do lençol. Não o meu corpo, mas aquela amálgama de corpos que da outra vez (a primeira febre de todas) me queria, como se todos os corpos que pousaram nessa cama se deixassem fragmentar e reconstruir num só. Deito-me em cima da coberta, braços abertos ao lado. Uma das mãos dentro do gelo. Um ex-cubo de gelo dentro da outra mão fechada. Espero.
Passo a língua pelos lábios quentes e inchados. Apetece morder até fazer sangue. Lágrimas nos olhos dilatados. Os sons da rua impedem-me de gritar. Se os ouço também me ouvem. Não me podem julgar na insanidade, não me podem enviar para o hospital, não conseguem compreender que isto tem que ser assim. São exactamente três horas. Conto até cem. Tem que ser assim, tem que ser. Não há outra maneira. As veias tornam-se mais azuis, os olhos mais azuis. Se me olhar a olhar-me, ver-me-ei com o cabelo colado à cara, os dedos fincados na cama. À espera. Penso na melancolia. Algo seguro e vago. Algo que me deixe ficar. São exactamente quatro horas.
 
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