Registo simples
Como te dizer, se sei que não vais ler este blog? se sei que não vais entender nunca? Como te dizer que te deixei de falar e nem notaste? Como te dizer que tenho vergonha de ter confiado em ti? Assim digo a profunda mágoa com que escrevo porque já não consigo usar de mais metáforas e silencios idiotas e inuteis. Num registo simples para que entendas. Sem cinismos nem ironias. Fui usada. ultimamente usada. Apaguei todos os registos. todos. vou fingir que foi tudo um filme. com um argumento rico mas de realização pobre. com personagens mal trabalhadas e um cenário decadente. desculpa lá a metáfora cinematográfica.
para quem se preocupa tanto com os sentimentos dos outros, quem se outorga decidir o que devo ou não sentir, deve ser fácil decidir que é melhor assim. se calhar não é uma decisão mas um esquecimento maior. Se tenho que me condicionar à sina de adolescente, ainda bem que vivo intensamente. ainda bem que ainda vejo o trágico do amor e das relações inexplicáveis entre as pessoas. Já tinha aprendido a não jogar o hedonismo à cara dos piratas românticos. Já tinha visto nas mãos de um adolescente bonito um cocktail molotov. nada disto me choca, a vida é irónica e bela. digo-te isto depois de ter estado à beira da loucura, depois de saber aquilo que eventualmente viria a saber, depois de admitir que nem sempre joguei limpo, que omiti deliberadamente á espera que me dissesses, que me perguntasses, que menti em relação a identidades e animosidades. nada de grave, pequenos testes. eu gosto de repteis, tambem tenho o sangue frio, mas prefiro iguanas e até as cobras avisam quando são venenosas, e não se fazem passar por animais de estimação.
Tenho medo de algumas consequencias, mas o que é a vida sem medos?