esta sexta é santa, dizem-nos neste país judaico-cristão. e se vos disser também que esta sexta é igual a tantas e o meu corpo revolve-se e esqueci-me de fazer tantas coisas entretanto e daqui a pouco estarei na rua a fazer o mesmo de sempre com um copo e um cigarro e um esgar de desdém e a cabeça noutro sítio qualquer. nesta sexta estarei sem sono nenhum e longe de qualquer problema longe da espada e da parede e longe das concessões que se fazem mesmo sem prazer estarei daqui a pouco sem qualquer vontade de fugir para algum lado porque os lados todos já se fugiram de si.
agora, tentar descobrir o que me caracteriza no silêncio, e o que ficou por dizer, e que parte era verdade e que outra era mentira. agora, dentro do descobrir é tentar descobrir o segredo. é tentar não aproximar a chama da pele, como um caminho que ficou para trás. para onde não vou olhar, como a mulher de lot. é melhor deixar como imaginado todo o conforto de quem não sabe o que quer.