as duas pessoas juntam-se. as duas pessoas encontram-se no mesmo degrau. duas que se conhecem e que colocam o pé, movendo-se no movimento da ausência do movimento. hoje movem-se mais próximo na chamada do silêncio. e já não se provocam, hoje não. e já não se magoam mais. hoje tocam-se nessa chamada. lado a lado. duas pessoas dormem por instantes duas pessoas por instantes dormem afastadas pelo cansaço e pelo calor por instantes de costas inspiram. e se uma pessoa se mantem acordada e a respirar para cima o ar que fica. e se essa pessoa permanece. e se essa pessoa hoje não tiver medo. e se forem belas e se forem embora e se forem em breve e em vão. e se forem apenas alucinações repetidas. deixam-se sem sonhos e desembrulham-se em realidade. duas pessoas imperfeitas e iguais na certa preversidade da noite. deixa-se essa na preversidade de se encontrarem no mesmo degrau dos sítios sensíveis. deixam-se nela e deitam-se nela, sem força para se cobrirem. sem força para esconderem a monstruosidade do segredo honesto. sem força para não verem a manhã a abrir. sem força para abrir os braços.