Esta desagregação é interior e exterior. sentimos todos muito a falta de qualquer coisa natural. não sou só eu com a minha ambição ingénua. lutamos todos contra o cinismo, às vezes de uma maneira cínica. pedimos e não damos. damos e não esperamos. ninguém sabe do que vem e ao que vai. arriscamos? tudo? a dormência e a ausência. o casulo e os laços fortes.
e se a apatia nos ganha?e se achamos que não merecemos mais? e se o tempo nos atraiçoa?
nesta ilha antes cheia de sol os barcos carregam e descarregam. o povo vive infeliz mais uma vez à espera da morte. sabemos que as marés mudam e a terra gira, mas tudo é muito lento. e a fome impede a revolta...
não é preciso muita coisa: um verão que nunca mais acaba; indecisões e preguiça; uma casa desarrumada e muito pó, umas arranhadelas a mais, uns copos a mais, uma conta bancária quase a zero, os ataques de asma, as combinações que se desmarcam, as coisas que não se entendem, uma ausência que se sente, ou mais do que uma, uma tristeza que vai ficando.
esta é uma fórmula mágica para tentar explicar a melancolia que agora vivo.