arranham-me o pescoço os poetas malditos
se eles não conhecessem a tarde eu deixar-me-ia falar disso
e se hoje hoje não houvesse corpo à espera de um novo vácuo
eu esperaria corpo vazio intacto marítimo.
amar-me-ias se eu não falasse mais?
se eu secretamente deixasse palavras estrangeiras debaixo da mesa
com um dedo frio sobre os lábios...
amar-me-ias se eu desaparecesse? serpentina
por entre os nomes das coisas. e dissesse que sim
e te deixasse embrilhecer-me os olhos abertos.
arranham-me os braços como silvas
nascendo nas gotas que dividem os passeios nocturnos.
sombras pintadas de outras naturezas.
passeio a fome. passeio a delicadeza de quem se açaima.
passeio uma linha de sangue pela cidade.