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sigNature
sexta-feira, janeiro 07, 2005
 
arranham-me o pescoço os poetas malditos
se eles não conhecessem a tarde eu deixar-me-ia falar disso
e se hoje hoje não houvesse corpo à espera de um novo vácuo
eu esperaria corpo vazio intacto marítimo.

amar-me-ias se eu não falasse mais?
se eu secretamente deixasse palavras estrangeiras debaixo da mesa
com um dedo frio sobre os lábios...

amar-me-ias se eu desaparecesse? serpentina
por entre os nomes das coisas. e dissesse que sim
e te deixasse embrilhecer-me os olhos abertos.

arranham-me os braços como silvas
nascendo nas gotas que dividem os passeios nocturnos.
sombras pintadas de outras naturezas.

passeio a fome. passeio a delicadeza de quem se açaima.
passeio uma linha de sangue pela cidade.
 
Comments:
Amar-me-iam se eu falasse mais? Se em vez de uma boca de onde saiem palavras ocasionais tivesse um megafone que disparasse em todas as direcções a toda a hora.
Amar-me-iam se eu ligasse menos? Se ignorasse tudo e ligasse pouco à vida dos outros. Se olhasse mais para o meu umbigo e tivesse uma lingua mais viperina?
Se calhar sim, se calhar não. Neste momento e com este frio que me rodeia vou apenas hibernar.
 
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