City
invento esta obscuridade toda nas ruas. tenho todas as artimanhas da saudade dentro dos sapatos como pequeninas pedras que também são buracos para respirar. espreitar o fio rasteiro da calçada. uma língua fora de horas num espaço tresloucado lavando constantemente a pele para a mudança de luz.
inten_cidade esta nas palmas invertidas nos eixos. invento também as medidas do ar que me cabe dentro dos pulmões para rete-lo e levitar acima dos claustros, ziguezagueando as pombas e as fisgas. já não conheço quilómetro nem esquina a não ser pelas famosas dedadas no escuro, ácidas de um fio de ariadne meio esgotado em círculos e dor de novelos.
invento esta desertificação para os ratos e para as sombras mal-cheirosas. cidade da idade do vento. da escumalha morna que fica apenas menos sozinha quando fecho a porta de casa.