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quarta-feira, abril 13, 2005
 



Poema do acordar

sinto menos alma na carne. (já não acreditam nas minhas palavras.) A presença é inútil e feita de um só olhar ambíguo. – uma viragem ao auge da borboleta. cem cigarros. - preciso de um desejo já não preciso de muitos. – demasiada a janela e a rua e as pessoas na rua e as pessoas dentro das pessoas na rua. - sinto as marcas na pele e a boca seca (e quero-te agora. quero-te. a tua boca em todo o lado, o cheiro da tua pele, a pressa toda do dia na pressão dos corpos) - tenho sede, dói-me sempre qualquer coisa. -botão para retirar as horas de dentro das horas das pessoas na rua. - quero a indiferença do desespero da mesma forma que eu não a sinto. mais uma. eu não me importo. preciso disso. – a diferença do desespero marinado. – fresco e quente na dobra do tecido entre as pernas. sabemo-nos. mais. – uma flor que tem sede. – não saber as semanas trescompassadas. –que dia é hoje? dentro do dia que pesa no dia das pessoas na rua.

–“ eu descobri e sei uma coisa em que podes pensar!”. (– sem escola, um furo no escuro. – nem um só miligrama de cinismo…tenho agora dezasseis anos e já sei medi-lo como razão. Como ração. ) passo como pessoa na rua cheia de horas dentro do dia que é hoje.

devolvendo-me à almofada. lado a lado a lado a lado. sem recuo breve. sem recusa.

-levanto-me.


 
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