mais notas avulsas (post-its amarelos para o coração)
tenho a pele queimada de tanto silêncio desencontrado. as caras e as vozes aparecem-me em sonhos e desaparecem-me no acordar. vou permanecendo para fingir que não vou nem venho, que nada significa nada e que o tempo e o espaço são um só. encontro apenas o ridículo das situações.
há muito tempo que não vejo um filme nem leio um livro. alimento-me de ficções outras. imagino o poder e o amor, imagino o destino e a sua banda sonora, imagino todo o elenco e as dificuldades de produção, os óscares e a distribuição pelas salas, imagino as sequelas e as mazelas, as carreiras destruidas e a fraca dimensão do cartaz. imagino a âncora de um filme sórdidamente romantico e a vela de um thriller repetitivo e de fácil consumo.
120 mil esperanças e tremores. 120 mil lugares encaixados e desencaixados das sociedades e do futuro das sociedades. e ninguem quer saber muito mais e ninguem quer ficar sem saber. 120 mil certezas e desilusões em tão curto espaço e em tão pouco tempo. fui para mentir ao mundo e roubar-lhe as energias. voltei sem verdades e de bolsos vazios.