Como é que não me perco entre tantas linhas de telefone, de texto, de comboio, corredores, plataformas, nomes e sobrenomes e números de carruagens e carreiras e arrobas e horas e minutos e prazos? como é que eu não me perco em mim, em tantas horas dentro da minha cabeça com o eco da minha voz e as memórias de coisas que
poderiam ter sido? como é que ainda encontro aqui dentro (e muitas vezes lá fora) rostos que me fazem corar e perder palavras, outros que me arrepiam, outros que me trazem sorrisos, outros que simplesmente olham de volta para mim como um espelho, no meio da multidão de nomes e dias e corpos e cidades e estradas?
em poucos dias já li um livro (300 páginas e uma grande história), vi dois concertos (brutais), dancei muitas horas seguidas (em dias seguidos), apanhei uma bebedeira (à pala), beijei umas quantas pessoas (bonitas), jantei duas vezes paquistanês (com muita água), curei uma gripe (mal), escrevi 4 textos (10.000 caracteres), fui tomar café a Cacilhas (
A capital nacional do "gótico"), ajudei um amigo nas mudanças (4º andar sem elevador), tentei planear o futuro próximo (sem grande resultado) e hierarquizar prioridades (igualmente sem grande resultado)... life goes on...é a minha sina.