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Role Playing Game: um jogo a duas vozes no silêncio
Ele/Ela: Escolho para mim este papel, e fico contente por escolheres esse. Sabes o que és e o que queres ser, longe da banalidade das nossas peles frágeis e das vidas tão azedas, longe dos olhares punitivos do mundo. Equilibramos as forças e as fraquezas mais uma vez: sentas-te aos meus pés e fazes o que te mando. Se te portares bem, dou-te um beijo, deixo que me toques. Se te portares bem, não te mostro que tenho prazer, para que tu o tenhas. Algures entre a contenção e o desejo, entre a ordem e a submissão, encontramo-nos neste cenário. Sabes que te tenho e disponho da ausência da tua vontade, possuo-te e protejo-te. E basta uma palavra para começar, basta outra para acabar. A cada minuto todos os gestos e todas as palavras importam e têm que ser pensadas como cada gesto e cada toque. Pode durar uma noite ou uma vida. Mas só pode existir assim: eu posso ter uma matilha, mas tu só terás um dono. E entreter-me-ás, e obedecerás. E eu afagarei o teu cabelo, alimentar-te-ei de mim até ao esgotar do orgasmo. E quando dizemos A Palavra paramos, e dormimos, lado a lado.
Ele/Ela: Sento-me aos teus pés e espero por um sinal. Ás vezes demoras horas, outras vezes segundos. É bom quando reconheces a minha presença. É bom quando ordenas. É bom poder servir no teu mundo, que é justo e quente, quando o mundo dos outros é aleatório e bruto. É bom saber que tomas conta de mim e me alimentas com a tua pele e o teu sexo. E tenho sempre fome de ti, que te negas para te dares mais. E nunca te quero falhar. E dói quando falho e me ignoras e me castigas. E é bom na mesma quando falho e chego também assim até ti e ao teu mundo, e a tua mão na minha cara é a tua pele na minha, e fica a dor intensa que é mais do que um afago breve que se esvai. Dar-te-ei tudo o que quiseres até ao esgotar do orgasmo. E quando dizemos A Palavra paramos, e dormimos, lado a lado.