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sigNature
sexta-feira, janeiro 20, 2006
 
- este poema lembrou-me o meu amigo camarada André Beja em metrografismos e o seu omnipresente megafone. Lembrou-me com o megafone o meu nemesis Al Berto, com quem um dia partilhei do gargalo uma garrafa de vinho (do bom). Não brindámos nem à morte nem à vida. bebo este poema agora como uma eucaristia em nome do seu corpo e do meu sangue.-


Há-de flutuar uma cidade


há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração.
mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade

Al Berto
 
Comments:
testing, testing
 
ena...
ass: o do megafone
 
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