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sigNature
segunda-feira, janeiro 30, 2006
 
nem sei desse lado quem vai ler isto, mas digo já, desculpo-me já e peço mesmo - é um pedido - que entendam este bocado lamechas de confissão, que não tem muito a ver com poesia, mas com a ideia que isto não melhora com a idade, que parece mesmo que agora tudo é mais avassalador, um bulldozer a passar pelo corpo. isto, não sei, é meu. seja lá isso o que for:

Mid-winter’s night dream (sonho de uma noite de inverno)

Quando sonhares atentamente, jogado à cama, sem mais força para a sobriedade, levanta suavemente o braço e enlaça-o em mim. Estou aninhada ao teu lado, pequena demais para te ter todo, perto demais para te ter hoje. Tens-me junto ao teu corpo e não julgues que estou triste neste amar embora a minha mão balance triste na tua, embora a beije triste. Quando o sonho o ditar claramente e sem mancha, voltas-te para mim e beijas-me o cabelo para te certificares que estou mesmo ali. E estarei neste amar a sorrir, embora beije triste o teu pescoço e te veja de olhos fechados no escuro, embora penteie triste o teu cabelo, embora passeie triste a minha mão pequena demais no deserto do teu peito. E estarei neste amar com soluços adormecidos de pedido e desejo como a única banda sonora deste quarto. Não julgues que estou triste embora saiba que não há acordar mais doloroso do que a névoa que sou aí, passando cambaleante por entre os teus braços para ir respirar. Sabemos amar de muitas maneiras, nestes sonhos com pouco sentido. Sabemos que o sorriso parece triste no escuro, que há ilusões mais caras e enganadoras que esta. Sorrio porque sei muito mais coisas do que tu, como uma de duas criaturas mágicas numa floresta sem amuletos. Sei que te quero aqui neste sonho embriagado. Sei que há camas mais duras que esta, que há noites mais frias que estas. E tu sabes de muitas coisas que eu não sei e não me dizes porque dormes tragicamente nesta fábula a imitar shakespeare. Sabes que este sonho não se repete nem se escolhe, como todos os sonhos. Sabes que não vale a pena entristecer a realidade por alguns segundos de movimento rápido de olhos. Sabes que não se chora nesta peça sem texto, que não se dança mais do que os limites do peso da mente e do desejo. Sabes agora que te digo tudo, embora pareça triste, o que precisas de saber para encontrar o caminho para a manhã luminosa, que te levo lá pela mão já cansada de não querer ser mais nada mágico nem real. Que somos inocentes os dois neste sonho desencontrado do sono.

 
Comments:
E o que acontece com a terceira parte da verdade, aquela que nem tu ou ele sabe? Será que a procura incessante cessou para ti?
 
Lamechas e triste. Mas eu percebo-te! Boa sorte para os outros dias.
 
Sonhos são aquilo que são, sonhos. Mesclados de realidade ou pura ilusão serão sempre sonhos e como é bom sonhar na esperança de que um dia, algum deles se torne na nossa realidade.
Keep on dreaming my dear!!
 
lamechas ou não, que importa: está muito bonito.
 
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