o corpo devolve-se à cidade sem ânsia de um início. o corpo devolve-se cansado e habituado a procurar as ruas e as saídas mais complexas das avenidas ébrias. o corpo contorce-se nas saudades avulsas de si mesmo e nas celebradas madrugadas no chão humido. o corpo ultrapassa o medo como a chuva diária nos calcanhares, como ultrapassa a confissão do desejo mais banal, como se retoca no espelho mais baço, como se reconhece na mão mais ávida que nunca o envolve totalmente. o corpo, paralelo ao engasgo do climax, dependente de uma pequena acidez sem nome, suspenso numa volta breve e sem surpresa, maduro ao ponto de se negar o paladar, este corpo absurdo e mapeado sem pontos cardiais, este corpo foge-se, tropeça na noite e de manhã, brinca às escondidas pelos espaços íntimos deste monstro ao centro da vida.