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sigNature
quarta-feira, março 22, 2006
 

(...a partir do poema que nunca chegou)

Deste buraco que é a minha mente, deste desespero que é o meu silêncio, desta lonjura que é a minha resignação amarga ao tempo, desta inoperância pela realidade, deste arrependimento sujo de dia-a-seguir, desta gratidão por cumprir, desta sombra fugaz que é o meu desejo, desta torre em chamas onde me recolho, deste esoterismo de observação directa, desta calcinante inveja da dor, deste orgulho mórbido em trapos, deste encolher de ombros à ausência de espaço, deste vazio que é a minha fortuna, deste arcano que é mais escuro que o abismo, desta palavra que não significa nada, deste coração aberto à facada, deste cheiro maldito a morte e suicídio, desta arrogância vibrante das escolhas erradas, desta viagem que nunca acaba, desta janela que nunca fecha e o cabelo que nunca cresce e

deste

minuto

em

branco

Passo circulo roço digo afago as cordas pela líbido acrescento o mar ao longe pela pele riscada junto ao umbigo imaginando um falo enorme a assinar-me o começo imaginando um telhado entre as virilhas imaginando um pedaço de homem na boca em sangue imaginando a violência das velhas meretrizes imaginando o sumo quente da erudita posição invisível
deste
minuto
em branco
passo à janela dos olhos azuis, à curva imberbe dos sonhos mortos, às muralhas do sólido arrancar de verbos, às colinas da solidão áspera que me tiraram sem gravidade todas as ilusões de descanso.

 
Comments:
Muito muito bom! Está aí tudo o que há a dizer. Está aí tudo o que não há a dizer. Está aí tudo o que pode ser dito. Está aí tudo que não se pode dizer.

(essa do cabelo é que não sei, pá, bem que gostava que ele crescesse mas, enfim, reparei que não faz falta nenhuma)

beijo para ti
 
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