sigNature
hole in my heart
tonight i was a whisper.
i love to see you laugh. happy. i followed your steps, trying not to fall over your lead.
i was here, tumbling over the shards.
whispering every step you take.
i loved to see you laughing.
in love. unbalanced.
so beautiful.
escorrendo
apanho as aparas do tempo no meio do chão, no meu colo cheio de poesia, na minha solidão escura sempre à espreita de uma presa. enquanto isso o mundo gira a cai sobre o seu próprio abismo. vou aos poucos arrependendo as inconfidências etilicas da noite e de todas as coisas que digo aos soluços. e arrependendo incontáveis carícias que me puxam o cabelo.
sinto uma mão pelas minhas costas à pressa, para aquele espaço que agora não se vê mas que sabe que lá está. sinto essa mão clandestina. sinto as palavras bem escolhidas pelos espaços virtuosos. mas elas não cabem na mão fugitiva. não cabem na lógica do desconhecimento e do medo. não cabem no constante controlar das letras. e gostava de encontrar mais do que uma desgarrada extemporânea de códigos.
escorro para dentro dos sentidos uma amalgama de cegueira, surdez e loucura. um fio de sangue e memória em volta do pescoço. uma condição electrica de ataraxia. o resto são miudezas. entranhas e instinto. a noite, a voz e a volta. o eterno caminho de retorno ao ventre.
Rearview mirror (julgavas tu que eras único!)
revejo-me. em revolução. em reviravolta. em retorno. em revisão da matéria. em imaterialização da vista. em invisibilidade. em in_literalidade. em in_evitabilidade. in_vejo-me. como uma adulterancia do tempo e da realidade. como se nada. como se tudo. como-me. in_giro-me. in_visto-me de madrugada como se me despisse para a noite. desvelo-me como me velo, às claras e sem qualquer anseio que não uma corrente (de ar) e um lençol breve para me tapar o último suspiro antes do sono. escrevo-me. escravizo-me. assim, sem nome ou hora. sem deus nem amo.debaixo das nossas sombras. debaixo das nossas (i am legion) imagens multiplas e insondáveis más caras.
julgas tu que me vês? jamais. julgo eu que te vejo? não. sinto o teu cheiro nos outros como um vulgar predador. passo os meus dedos por ti como qualquer estranho que empurras.
não sabes a força que tens.
se soprar ... deito abaixo a casa que construiste de palha, de madeira, de tijolo, de neve, de sonho, de medo, de miragem, de escuridão.
se soprar...derroto-te.
5 Stages of grief
shock, denial, anger, depression, acceptance...
Não sei porque me fui lembrar disto agora. talvez porque acabei de pôr uma flor na campa da ilusão, mais uma vez. talvez porque esteja de novo de luto pela minha ingenuidade. talvez porque já não posso fugir mais e alguma coisa tenha mesmo que mudar. ainda bem que acabou. sem palavras de desculpa nem de raiva nem de nada, só de despedida, da minha despedida chocada, negada, raivosa, deprimida, aceite. o meu tempo é precioso.
wuthering/withering heightsvivo lá em cima onde o vento sopra de manhã. onde ninguém vai. onde nunca estou. onde nunca chego de noite. onde ninguém encontra. onde ninguém sabe. vivo lá em cima no meio do caos, com uma companhia negra na almofada que me sufoca. onde ninguém me vê chorar de dor, ou cair, ou desmaiar de prazer. o meu castelo assombrado de memórias de ouro. o meu castelo promíscuo de sade e pasolini. o meu vacuo breve de polaroid. o meu refúgio erudito de quem eu construí. o meu covil. a minha toca. home. o sol que me toca os olhos no orgulho que amanhã esquecerei. onde os relógios nunca estão certos. onde as lâmpadas são claras demais. onde as moedas caem dos bolsos. onde os segredos têm que ser cativos. home. a rua mais improvável no centro da paralisia. a casa mais guardada pelos demónios mais bem guardados. a âncora no lodo. o epicentro da loucura.
(já não escrevia um poema há algum tempo; ilustração de -claro- Dave McKean)
cover
once we open the lid we are
sweet obstacles
ashes and storm within
maelstrom in
black and
whitefragments of fragmentated seconds
hidden by millenia of silence
we are
once opened
cracked severed mutiladed
we are irre_cover_able
stripped ripped raped
our gift of (true) dark nakedness
we are smoke and shadows and mirrors and sand from the east
we are here
on the dirty floor
on the empty dis_closed bed
on the magnifying glass of the fearful universe
we are so
preciously bound to it
we are
it hidden
inside the book