back in business
a cidade acordou cá dentro. as ruas meio fluidas, meio sujas, meio transpiradas de estranhos, meio encontradas de novo, meio demoradas de perigo, meio calcinadas pela cafeina, meio depauperadas pela súbita renúncia do trânsito. a cidade meio ensonada toca-me com cuidado e avisa-me da minha hora de sair. medir o tempo até ao destino. descontar a palpebra pesada e o pesado sonambulismo pelos corredores matutinos. o ar imerso em água fresca e monoxido de carbono. as brilhantes rotinas que se cruzam sem beijos nem abraços.
é estranho saber que senti falta do levantar e baixar dos aviões. que senti falta desta dependencia dos telefones e das horas. que senti falta do olhar ameaçador dos vizinhos e das vítimas da multipla civilização. que senti falta do vago odor deste saco de gatos. é estranho saber que já sinto falta de uma ou outra sombra não muito longe. é estranho saber que as imagens se deixam pousar como pardais assustados nesta linha confusa que me comunica. esta linha sobrecarregada que me vigia e denuncia entre o amor e o sonho.