pérolas na lama
nestas ruas tudo se perde entre o lixo e os restos da noite. todos procuram e ninguém se encontra. tudo fica e vai na mais perfeita volatilidade de fim de semana. nestas ruas em que mais ninguém pensa e onde vou ficando (e re_voltando). nestas ruas que se perdem nestes túneis e nestas torres há gestos que nos desfazem, que nos imitam, que nos suspiram, há gestos que nos gastam a pele e o nome, há vozes que nos empurram para o abismo para no depois nos atirarem para a luz para nos resgatarem de novo para a gruta. há muita esperança e muito desespero. e há, também, nas fendas entre as pedras enegrecidas pelos malditos, pequenos fósseis de tempo, limpos, redondos e areados que cabem na mão, que nos acalmam, que nos eternecem num calor que subsiste na escuridão. são frutos de água e terra, são corações inúteis guardados como joias que ninguém vê. amuletos que se confundem com açucar, que marinam ao sereno a canção solitária. e deixam o eco e o perfume reflectido nas paredes, nos sonhos e em todos os milimetros de sentido.