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Sirva mais uma rodada de misérias, se faz favor, com limão.
Sem gelo, puras e duras.
Enquanto arranho o cérebro às voltas meigas entre as músicas, e arrumo o equilíbrio entre as distâncias e as ausências, essas sacaninhas fugidias… É pois! Não discuta, homem! Sirva lá isso que temos sede e daqui a pouco fecha.
Enquanto faço as contas com os limites do sono e o fundo dos bolsos, e arranjo palavras trocadas para facilitar as coisas.
E mais uma para si também, para brindar com a gente. Não adianta negar, vamos arrastar daqui as esperanças combalidas pelos colarinhos, se elas se negarem a vir a bem. Não é hora para delicadezas tontas, a fingir sensibilidades marginais ou novelescas. Não há luzes, nem câmaras. Acção? Tarde demais. E daqui a pouco fecha.
A voz? Já foi, é o costume. Eu pago a conta dela, não se preocupe, que isto é família. Não aguenta muito, e com os anos parece que fica pior. Já murmurou tantas vezes as promessas que já são delírios e já gritou tanto os pesadelos que já são reivindicações. A luta é que continua. Só essa é que me faz companhia toda a noite, quietinha e muda. Não é de muitas falas, mas é do coração. Do nosso.
À nossa!
Que dia é hoje? Quer dizer, tecnicamente hoje… Qual é o número deste sol no mês inteiro? É que tenho coisas combinadas, pormenores a acertar, com o ano e tem mesmo que ser tecnicamente hoje. A noite ainda não foi, e anda sempre atrasada.
Ainda tenho tempo para mais uma, daquelas de traçar a língua, para aquecer a ilusão por dentro antes do desencanto lá fora. Só mais uma para acabar. Para o caminho se juntar aos meus pés quando saltar deste banco alto demais para as minhas ambições.
Vá lá, pago no acto da entrega…