sarkarmico
nem mais um! à data do meu último post, um exercício porreirito enquanto ouvia Tom Waits, só mesmo o destino poderia igualar este grande mestre das misérias num grande a-ha!-julgavas-que-era-só-escrever-poemas-giros-sobre-as-misérias-então-toma-lá-disto:
veio a varicela e a cara cheia de chagas e o olho inchado, veio o horror de ter contaminado meia cidade e poder desenvolver lesões cerebrais, veio o telefonema das cobranças, veio o tiro lá na rua que matou o único mitra amigo, veio os dois tralhos de seguida a descer a calçada da Glória (hmmm, justiça poética?) veio o parto falhado da minha gata e quatro cadaverzinhos com a alma encomendada, veio o aumento da gasolina, veio a nódoa de café no pijama lavado.
voltou a machadada na vida social e a chuva que não pára, a caleira torta que me inunda a sala e a mesa cheia de medicamentos.
veio o silêncio de quem ainda precisava de mim.
só não vem o pesadelo porque estou a vivê-lo. só não vem o sonho porque a taulada dos antiestaminicos não deixa.