matinas
chego. passada a contemplação, a curiosidade, a paranoia, o medo, tudo o resto que me há de sofrer. chego para ser elevada. resta-me o preciosismo de uma morning song , só para mim. animalesco, o instinto guarda-se na razão e no carinho. algures com a luz da manhã que tardamos guardar.
encontramos, é um facto, enquanto vasculharmos, mais lama que pérolas, ou é ao contrário. emocionem-se e chorem (até mesmo ao fim do video)com
aquilo que me emociona e faz chorar. mas se acham que o fim é isso então sigam os Godspeed You Black Emperor até
aqui.(Não há folclore gótico que chegue aos pés da verdadeira angústia destes gajos. da nossa. diurna. hoje. a ficção gótica dá-nos uma noção de imortalidade, a ficção cientifica uma noção de efemeridade)
galáxias como grãos de areia
Hoje enfiei a mão dentro de um pacote de batatas fritas que estava em cima da mesa da sala. Não tinha batatas. Tinha fósseis, restos de pequenos seres do passado disfarçados de lascas de raizes nocivas e invenções descartáveis.
os deuses protegem-me a casa, um buda em pedra da india protege a janela, uma espécie de duende da amazónia, em cabaça, penas e sementes guarda-me a porta, uma outra espécie de duende colorido em madeira, mexicano, comprado no "el buen amigo" e oferecido em território partilhado por espíritos indios e irlandeses, abre-me os braços.
os elementos estão comigo, o som e a dança, o tempo e o espaço, de enormes e disformes, estão distribuidos em moléculas e átomos que me metem um passo diante do outro, tão certo como o sol nascerá amanhã. às vezes muito, às vezes demais.
às vezes calo-me em reverência perante o vento, a neblina da madrugada, a água salgada, o mocho que caça por cima da minha cabeça, Bastet que dorme enrolada no meu sofá, esperando o próximo ciclo de morte e ressurreição. emociono-me frequentemente com ficções, o suficiente para ficar de olhos molhados, sorrindo e contemplando escondida a sua beleza. muito maior do que eu, todo este redor participa numa saga teológica onde a minha memória é o centro, o principio e o fim, a experiência organizativa, o espírito do caos.
estas mitologias que habitam a minha sala, as minhas muitas salas, traçam nos seus segredos a Arvore da Vida, e deixam-me habitar a sua história como se fosse minha. eu também lhes guardo a casa.
with a twist
se a vida te dá limões faz limonada. sempre gostei deste dizer e sempre gostei de limões.
e com a
spoonful of sugar makes the medicine go down.
a vida dá
twists and turns em torções karmicos numa espécie de fuga para a frente.
é fechar os olhos e "bazas d'lum".
aprender e pensar fora da caixa e fazer e levar os outros a fazer e deixar de lado pessimismos e outras coisas que provocam azia e rugas.
ando a fazer um curso intensivo de história de arte e a planear o doutoramento, o que implica x elevado a 1000 de complicações e escolhas e dúvidas, e ando entusiasmada com tanto que quero saber sobre o mundo.
vamos lá ver se as burocracias e os sonhos não se enlaçam nos meus pés...