tait moi
experimentar de novo a ausência do eu.
escondê-lo, calá-lo, fingir que não está lá, abrir-lhe a porta e deixá-lo ir dar uma volta pelas voltas das noites, pelos caminhos da recolha.
enquanto isso ele já não oprime, não incomoda e não orgulha, não magoa, não pesa.
é deixá-lo leve e calado a dançar.
dar-lhe um papel e uma caneta.
dar-lhe muita estrada.
dar-lhe muita música e muito álcool.
Embalá-lo em verde.
intrigado, o eu deambula pelos campos.
o eu reaprende o silêncio.
o eu esquece as respostas.
o eu, insuspeito, pensa em não voltar.
pensa em tu, ele, nós, vós, eles.
somos todos o mesmo, pensa ele,
mas ninguém quer ser eu.