Dança de Roda (ou a Inauguração do Mundo)
Como se uma discreta passagem se abrisse ao toque, remota, envolta em crença crepuscular, incorpórea e ainda assim acessível
aos sentidos uma realidade plena ao degustar da razão, ao olfacto da possibilidade, à música da profanação invisivel, à doce miragem da compulsiva fábula, ora distante, ora negada
no medo disputada no dormente silêncio entre as dimensões.
Na prevista volta do planeta uma pristina luminosidade por sobre as lagoas
um outro peso no passo pequeno, ainda assim um passo outro
nessa revolta calculada das palavras colocadas no desdobrar das mãos pousa uma dúvida por vender, uma dívida desacesa, uma submissa colaboração com a brusca motivação das horas, com o movimento fotometrico da involuntariedade
abre-se uma natureza calada - satisfeita na impossibilidade da canção.
O cosmos decide a melodia, o corpo o compasso
e entramos na roda ao mesmo tempo.