sigNature
um livro de perguntas:
- terei inimigos, tal como talento, ansiedade, valor, imaginação?
- acredito em maldições, fantasmas, promessas, destinos, caminhos?
- haverá lembrança e saudade, haverá comunicação do depois do nunca,haverá bangkok e singapura, londres e edinburgo, barcelona, haverá ilhas?
- haverá desculpas mal dadas para acções mal feitas e outras desfeitas?
- haverá orgulhos proibidos, privacidades revoltas, confissões estreitas, apenas?
- haverá importância nas coisas?
- haverá respeito intelectual sem uma qualquer moral pagã?
- haverá sorrisos preferenciais à margem do corpo?
- haverá água?
- haverá noutro lado qualquer sem arame farpado uma verdadeira possibilidade de fechar o momento feliz?
- terás outros motivos para querer visitar?
- terás mais sonhos recorrentes de sítios deslocados e pessoas desnudas?
- terás mais boçalidade do que eu, ou apenas olhos maiores, e mais tempo?
- saberás a café, a gin, a cerveja, a goma, a metal, a mentol?
- garanto que não te perdes?
- garanto que o mundo é redondo?
- garanto que um quadro de brueghel é melhor do que o corto maltese?
- saberei escrever em equações e números?
- escreverei titulos decentes?
- escreverei mais cartas? quantas?
- guardarei fotografias? perecerão num incêndio?
- podia dar-me uma informação, se fazemos favores?
poem (after insisting) to john mateer
this morning in coimbra
you should've seen my street, with all the birds screaming about
nothing, you should have mistrusted me all the way,
while at 8.30 i would hope to see you in a Boss suit even
after all the mutter and discussion
i am sorry (but then
i never ask forgiveness) i lost the words with my cigarretes
the same way
you are sorry
for having none to give
it's such a shame
the sunrise
watching over us being over with
one another and the moon
(did you actually see her?... because i didn't)
wasted as
words you should remember (i am a good secretary, i am):
wat(er) is there
amanhã
delay (or adiar, which is not the same thing)
some other words (none of your business, but still my poem anyway)
as in
film
as in
not here but there
as in
two hours
as in
some biblical ghost
as in
acting our survival-kit ages
with huge eyes
with no words at all
to match.
vida
parasito a vida diante de mim.reciclo-a. renovo-a. transformo-a até à ilusão. só para um sorriso ou uma dúvida. só para um minuto quererem estar diante de mim que apresento ostensivamente. sem segundos nomes, sem segundas dúvidas ou intenções. sem segundas feiras ou seguramente garantir nada. agora. só para um minuto ou segundos eu querer estar para sempre. renovando ou reciclando as horas até.
depois de um periodo de depressão, a euforia. o sentir cada centimetro de pele até à celula. o querer cada centimetro e cada sentido. o saber que cada segundo é um segundo a menos. e não o perder e não o perder. sou tão impaciente. hasta la nausea...
até me permitir a tontura mais do que a grilheta, até me permitir a total abnegação do desejo. até de novo a onda (ou o conjunto de sete delas) me levar ao remoinho; que nunca mais vem...sou tão impaciente...
começa a nova semana, que vai ser dura, a julgar pela agenda que recebi hoje de manhã. Para compensar fica ainda o gosto do fim de semana, mesmo com a chuva toda. é dificil levantar-me da cama sabendo que o mndo lá fora continua a exigir. não há muito a dizer, tirando as orbitações do costume e os suas modulações graviticas em torno de uma rotunda. desisti dos antibióticos em prol do velho hábito da bejeca, mas não é nada de grave. o meu quarto continua o caos mas pelo menos a cama está feita de lavado e o cheiro do amaciador nos lençois é mais confortavel que maior parte das coisas nesta cidade. acho que sim...mais uma horita não fará mal a ninguém.
Dedicatória
for you all
como um brinde, celebro-vos porque não sei o que dizem de mim
sem ser a mim: porque vos engulo de golo
irmãos, companheiros e amantes
irmãs, comparsas e vilãs
porque gosto de quem mais ninguem gosta
porque desejo que voltem mas não espero
porque vos deito nas veia um qualquer desejo de sorriso ou de morte
porque vos verto nas horas quando dormem ou quando acordam
quando estou
como um brinde encosto a minha pele quando encosto
quando me venho e quando não me deixo ir.
quando não me deixo ser e me deixam estar
descarnada, pixels e binário, interface-to-face
este é o meu corpo, tomai-o em memória de mim.
um beijo
em memória de vós
c.
Se a curiosidade matasse
o gato descansaria morno nesta janela
esperando no esgar adormecido o passar do ponteiro.
Nesta hora milimétrica em que
a mão adormecida reflecte sobre a sua evolução
(já fomos predadoras)
os olhos alunam numa qualquer lei menos grave
que apenas as pontas dos dedos dos pés
garantem o mundo
qualquer lei menos gravítica
que apenas as pontas dos dedos
garantem o salto
alguns fragmentos sem organização:
- o Sport Lisboa e Benfica (vulgo GLORIOSO)ganhou a Taça de Portugal. deal with it. algurea há uma sensação de intensa alegria de estar no Marquês de Pombal a saltar com centenas de pessoas felizes. por momentos, nada mais existia do que isso no mundo, de melhor ou pior, para elas e para mim. o meu coração só tinha uma cor: vermelho e branco. sete anos é muito tempo e isto é um ponto de viragem.
- viajar e viajar e viajar. a estrada deixa de importar e só queria que o carro andasse mais rápido. e só queria que alguém ouvisse mas ninguém ouvia.e só queria falar mas não falei. a minha cabeça, contudo, nunca se calou durante uma intensa sensação de claustrofobia.e ninguém foi a lado nenhum e todos regressámos ao ponto de partida. teremos mesmo regressado?
-espaços chamados 48 horas: oriente,feira da ladra, graça, barco-tejo, seixal,sofá, base da grua, principe real, bairro alto, ruas várias, esquinas várias, janelas abertas em casas sem luz,entre amigos, lux, cais,miratejo, sonho, mesa, barco-volta-tejo-crepúsculo,vasco da gama, avenidas várias, rotundas várias,marquês de pombal, carro, A1 Norte, aveiras, dentro, escuro,casa, em mim.
-
aiai, os cruzamentos, mais do que as rotundas, mais do que os condutores de domingo...metafóricamente falando.
não é mais fácil do que um control,alt, delete. fazer um reboot para começar tudo de novo, depois de fechar as janelas e as portas e aquelas coisas que encravam. há sempre partes dois, há sempre cenas do próximo episódio, promessas e coisas que só arrancadas a ferros. há sempre desistências e ameaças e dias a seguir.últimas oportunidades a sério e outras a brincar, desde o ultimatum à brincadeirinha à lágrima.
acho que um dos objectos mais úteis do ser humano é a tesoura, sem estar a falar metafóricamente.
A Lyrical Lection
Concerning Prospero Saíz
I
Outside existence unwritten around
Authority and the simplicity of matter of
Silence
- variable in-ability without a hole.
A break always variable and dark stops
Invisibility above energy
Insignaling
A voice of violence
Always without a logic
A lyric human
Unable power logic to explain
A cross-nail-matter
Obscure [yet]
Capital specific sentence
Cross-thought-with matter
Violence-thought-with dark
Invisibility
Variable-thought-around
Human lyric power
Voice-break
Hole existence
Underneath.
II
Lyric spandex continuum
Exit an end and known
Abyss
Placing simultaneous
Cosmos fallingdownfallingdown
The known exit
Fighting [yet] identification.
Witness spectacular dying
Torn leaves outside all
Lost poem-night sky
Lyric
Lacking
Sacrifice between supernova
A gap
- rhetorical decomposing limits-
amorphous galaxy placing
coming to
an
(and)
III
Plasma idiot
Lyrically cannot be reached
Beyond
Awaiting
Vacuum loves myself explicit
Alternate
Before here
There cosmic
Too space
Too void
Too nothing materialized
Without necessity the discontinuous
Unstable comes before my-self
Comes pity
In my red body
Swelling fourth
Condemned outer pits
Total dense nostalgia
IV
[a-derivative]
lyric optic
outside semantics
plead just-a-position
oh my
your [you’re]
just above economic rites
just outside
justout
out-side
optic side semanticside
position side justside economics
just rites just above just
your and my optic
above an
outlyrical “just”, juste
out optic
just plead outplead
outsideplead
outsidispleased
outsidisparity
out just
above
lyric rites
[economic /yet/ please]
Ordeal
Nestes dias andamos todos à prova. temos que provar coisas e ser provados. já para não falar à procura, procurando e sendo procurados. já para não falar naquele vaivem constante de negociar aproximações e afastamentos, no tempo e no espaço, do corpo e da mente. temos todos que provar o que valemos, e valemos o que fazemos, dizem. a quem? ninguém nos diz, contudo, mas suspeito que há um pequeno juiz dentro de nós, barbudo e austero, sempre pronto para atribuir a pena máxima quando não era para tanto e a ser condescendente quando nos queremos iludir. um pequeno juiz carrancudo que de vez em quando se mete nos copos ou coisa parecida.
volta e meia há coisas que me vêm à cabeça e que me perturbam seriamente, como certos casos de oportunismo social, certas ingenuidades escapistas, flagrantes, inorgânicas e, no worst case scenario, fatais. mas sempre haverá gente descontente e disposta a recorrer das sentenças. isso será bom ou será mau, pois o sentido de justiça serve-nos muito bem quando é à nossa vontade. fica uma certa desconfiança e o levar as coisas devagarinho se houver paciencia e à bruta se estivermos preparados para as consenquencias assustadoras que nem dão tempo para respirar antes do mergulho de adrenalina. não consigo evitar preocupar-me demais com certas coisas e de menos com outras. um dia destes hei-de conseguir por as coisas "em perspectiva", a maioria ficará muito contente comigo e a minoria hipócrita também.
“Se a forma tem aversão à conformidade, é porque se afasta do desejo insaciável- que é também ódio- que esta cultura tem da assimilação - um ciclo maníaco-depressivo de aceitar e rejeitar (…)”
Charles Bernstein “A-Poetics”