sigNature
hard core dreamever-presence, ever-sleep
ever-sense of wanting
smile of ever-scent
in the middle
a green paper dragon
your hard cock pressed to my mouth
the end of the world and time flushing the ever-knowledge of time
a night-dividing task and the clarity of hiding places
where everything made ab_sense
back and back through the hours
again twisting the kiss into torture and gratitude
again the ever-lust of crossing paths in the night
all that energy (you must have felt it too) of novelty
and desire
in the middle
all that revolutionary strenght at the core
that must have made you (as it made me) cum.
back in business
a cidade acordou cá dentro. as ruas meio fluidas, meio sujas, meio transpiradas de estranhos, meio encontradas de novo, meio demoradas de perigo, meio calcinadas pela cafeina, meio depauperadas pela súbita renúncia do trânsito. a cidade meio ensonada toca-me com cuidado e avisa-me da minha hora de sair. medir o tempo até ao destino. descontar a palpebra pesada e o pesado sonambulismo pelos corredores matutinos. o ar imerso em água fresca e monoxido de carbono. as brilhantes rotinas que se cruzam sem beijos nem abraços.
é estranho saber que senti falta do levantar e baixar dos aviões. que senti falta desta dependencia dos telefones e das horas. que senti falta do olhar ameaçador dos vizinhos e das vítimas da multipla civilização. que senti falta do vago odor deste saco de gatos. é estranho saber que já sinto falta de uma ou outra sombra não muito longe. é estranho saber que as imagens se deixam pousar como pardais assustados nesta linha confusa que me comunica. esta linha sobrecarregada que me vigia e denuncia entre o amor e o sonho.
a voz
a voz que levanta os dias por entre os escombros, a nova canção da velha miséria, o novo poema rotineiro para algo mais ou menos pequeno guardado na palma da mão. a estranha timidez conquistada às horas e às palavras precisosas da madrugada. é a hora de falar em luz aberta, de concorrer a água pelos lábios, os dedos pelo tecido da lucidez. o abraço sofrego.
o silêncio
gostava de ter palavras para gritar esta ironia, esta injustiça, este vazio, este lugar, esta perda, esta consciência maldita de não estar a sonhar, esta consciencia maldita de haver coisas que não se podem recuperar, que não se podem reviver, que não se podem conjugar de novo em palavras novas. com esta morte vêm todas as mortes jovens que não devem ser. e não tenho mais do que um silêncio de tristeza e homenagem às suas breves vidas.
condeixa, libano, palestina, whatever. o meu coração vivo sangra todos os dias. hoje sangra mais pela morte de um amigo. sentirei a tua falta nos meus dias e nas minhas noites, vasco.