sigNature
"It's so easier for plants. they have no memory"
in
Adaptation
estamos numa história de inadaptados, de gente só em mutação em que Darwin não parece fazer sentido embora habite uma história de flores e de gente-flor. Entre a estilização sofisticada das orquideas que se adaptam para assumir a forma de insectos (e assim, com uma outra identidade, conseguirem a polinização) e a banalidade simbólica da espécie dominante que se nega em favor do medo e se reprime em favor da própria noção de "condição humana"; entre elas as duas, desde a formação da crosta terrestre, desde a lava em flor até à flor de gelo, desde a sequoia até ao arranha-céus e à inteligencia artificial; entre os dois pólos faz-se uma história da mais modesta maneira de se viver, o instinto e a sobrevivência.
Aniversário
Como uma prova que o tempo passa e não passa rapidamente, constatei hoje (HOJE!!!!!) que
este blog já fez um ano!!! Pensar que eu consegui levar isto até aqui, com mais ou menos abandono, com mais ou menos empenho, com todas a peripécias a-minha-vida-dava-um-filme-indiano, com todo o marasmo e as viagens e isso tudo....pensar que fiz isso e alguém leu!!! estou de parabens! estamos tod@s. que viva o ciberespaço e o espaço entre e dentro das pessoas, que se viva....
All over the place
you tease me as i tease you for not knowing and not wanting and no one dares to ask how long has it been you
sucking my finger i sucking your finger after it's been inside pleasure and pain you turn me over and i
scream to the pillow how long how long has it been i circled my hand around you and around i
squeeze just for some seconds and you ask for how long how long you moan and i suck your soul in my hand and you fail your knees and you crumble and how long how long did it took you sucking me and my hands on the cold wall on the bed on the floor how long did it took to turn and the
pain delight pain delightful pain it took streching and not that many words and i played for you touched for you played for me to deliver painful
delight like a delicate monster i screamed to the pillow asking for more nightly things i wanted you all over the place you were all over me all over
completely incomplete you were all over we were inside and outside we were teasing death and teasing life and teasing playfully pain. i will not forget for it makes me
wet for how long how long has it been...
arranham-me o pescoço os poetas malditos
se eles não conhecessem a tarde eu deixar-me-ia falar disso
e se hoje hoje não houvesse corpo à espera de um novo vácuo
eu esperaria corpo vazio intacto marítimo.
amar-me-ias se eu não falasse mais?
se eu secretamente deixasse palavras estrangeiras debaixo da mesa
com um dedo frio sobre os lábios...
amar-me-ias se eu desaparecesse? serpentina
por entre os nomes das coisas. e dissesse que sim
e te deixasse embrilhecer-me os olhos abertos.
arranham-me os braços como silvas
nascendo nas gotas que dividem os passeios nocturnos.
sombras pintadas de outras naturezas.
passeio a fome. passeio a delicadeza de quem se açaima.
passeio uma linha de sangue pela cidade.
(estou mesmo a precisar de)
...deixar e deixar o corpo ir e vir ao som da música e dos corpos demasiado perto e demasiado longe. e nada mais há a não ser um sorriso estampado por cima da minha cabeça, dentro da minha cabeça. entre o prazer e a necessidade, como uma coisa sexual, em que as horas não passam e não há que satisfazer ninguém. e a minha mão desliza pelos corpos como se sempre pertencesse lá. e tudo se compõe durante essas horas em que não sou ninguém, mas um corpo entregue a si mesmo e sem noção de si. tão simples. sem palavras mas sem silêncio. sem palavras. sentimentos sem palavras mas sem silêncio. movimentos sem palavras mas sem silêncio. mundo(s) sem palavras. ssshhhhh.
pouco a pouco vou recuperando o que posso recuperar. o que não está irremediavelmente perdido e é valioso para mim. não vou falar da minha humildade com orgulho, mas vou invocar imagens de bons tempos de carinho e gargalhadas que me deram e eu dei e que guardo aqui bem perto do corpo para não esfriarem. haverão mais ou não. uns vão outros ficam. eu vou e eu volto. é bom quebrar silêncios e falar durante horas. é bom tomar atalhos pelo calendário e aldrabar os meses que parecem dias que parecem séculos. ontem tocámo-nos e era quente. hoje voltamos a tocar-nos neste gelo de cidade e voltamos a descobrir que depois do inverno sempre foi verão.