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Ajustesestou pelos.
menos e mais. balance.equalização. 24 remuneradas horas de exploração dos cantos da vida e dos recantos do mundo. uma coisa de cada vez. muitas coisas sucessivamente. rotinas mais cheias. aventuras mais longas. mais controlo. um alinhamento na direcção. uma agenda autocrática. marcar a criatividade a sério como quem ama. marcar a produtividade como quem faz o que tem que ser para depois fazer o que quer. crescer como quem dança. andar como quem cresce. correr se necessário. sonhar muito a todas as horas. esperanças.esperanças. e não expectativas. dar e receber como quem não pensa muito nisso. e é pobre.
Lisbela
esta cidade e andar de eléctrico pelas colinas. esta cidade e os miradouros cheios de música. esta cidade e deitar-se na relva e colorir desenhos. esta cidade e alguma confiança nos desconhecidos que se tornam amigos. esta cidade e o nascer do sol em odivelas. esta cidade e os antigos conhecidos de outras cidades que se encontram ao por do sol. esta cidade e dançar junto ao rio. esta cidade e olhos verdes. esta cidade e as casas antigas e o transito insuportável e as baratas enormes. esta cidade e as pedras onde se tropeça. esta cidade de fotografia e filme, de fotógrafos e realizadores onde se procura sempre a melhor luz. esta cidade que será outra no inverno. esta cidade que nunca acaba e é tão pequena. esta cidade onde o amor nos foge. esta cidade que continua a crescer cá dentro. esta cidade que respira. e fuma. e bebe-se. e beija de lábios secos.
Not easy like sunday morning
podia falar de desgostos de amor que não chegaram a acontecer. podia escrever sobre a conjugação dos astros em maus timings que ficam em caldos mornos. podia pensar em coisas piores e coisas melhores no mundo do que a minha vidinha repetitiva. podia massacrar-me com destinos mediocres e esperas intermináveis, com uma agenda cheia de coisas atrasadas e um corpo mal-tratado. podia elaborar uma lista de perspectivas à laia de plágio, ou uma lista de invejas de coisas que não invejo realmente. podia ter saudades de mais gente a toda a hora. podia ter o paladar mais apurado e a razão mais volátil. podia ter mais sorte e podia ter mais azar. anda ali pelo meio em caldos mornos. podia recordar noites de sexo bebedo e amigos já perdidos. podia falar de enganos e palavras frias, de enganos e palavras vazias, de enganos e palavras belas. e porque é que não faço? porque não sei começar, não sei falar de mim por ordem alfabética, não sei como fazer as coisas resultarem nem sei quando a maré vai mudar. não sei onde encontrar respostas nem sei fazer perguntas de jeito. nem sei se vale a pena pensar muito nisto enquanto o mundo sofre e enquanto pessoas dormem felizes. não sei em que sítio montar poiso, nem sei ir com calma, nem fazer planos, nem como reconhecer a verdade.
retorno
volto para trás, ou olho sobre o ombro para os dias e volto a le-los. volto ao the snow queen e continuo a identificar-me com essa outra história que também é o meu presente e uma falta de moralidade...volto a olhar as ruas e as pessoas com histórias de passado e de possibilidades, volto a atar tudo num grande embrulho (um saco-de-gatos) e espero que se aguente. e estico cada dia o fio das possibilidades infinitas e penso em eisenberg e nas particulas que se julgam autonomas no indeterminismo da noite e do dia. e penso que não sei nada do mundo e descubro que sei muito dele e é bom, e ele , o mundo, reconhece o meu sorriso e é simpático para mim. uma grande teia e uma grande tela de mandalas psicadelicas que se anulam a cada rodar, ao fazer um caleidoscópio infinito com os mesmos elementos de várias cores. um jogo multiplo de espelhos em que podemos olhar para nós olhando para todos os lados. e sorrir.
e não me importo mesmo nada.
outras ondasgosto destas mais do que imaginava. é uma grande pena que tenho, nunca me ter dedicado no tempo certo a esta noção de mar e de praia e de harmonia. mas gosto das cores e das texturas, das pequenas rugas que nascem ao canto dos olhos azuis, das pontas dos cabelos mais louras do que o normal. e por eles a idade não passa, e vivem num constante eden, em que os corpos só sofrem com uma ou outra má entrada ou má saída da onda, em que a delicia vem em conjuntos de sete, em que os amigos ora estão lá ou poderiam estar e, não estando, também se está bem. e nunca olham para a praia, olham sempre para o horizonte que se mexe numa língua ancestral. é estranho, só agora admirar isso. é mais estranho, só agora invejar isso.